terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A Igreja do Patriarca Kyrill desmascarada


Por Lucas Janusckiewicz Coletta
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Haja vista a desinformação que circula na mídia e nas redes sociais, é oportuno que se desmitifique a farsa da Igreja Ortodoxa Russa, fraude gerada nos tempos do ditador comunista Stálin, veiculada hoje em dia pelos meios de propaganda a serviço de Vladimir Putin, e que acaba de ser prestigiada pelo Papa Francisco. Também é pertinente recordar as perseguições sofridas pela Igreja Católica ucraniana.
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1-) O Pe. Pavlo Vyshkovskyy no seu livro “o Martírio da Igreja Católica na Ucrânia”, pormenorizadamente trata de toda a perseguição feita pelo regime do Kremlin contra a Igreja Católica Ucraniana desde a revolução comunista na Rússia. Com efeito, o Pe. Pavlo relata, na página 15, que seu avô foi enterrado vivo por que recitava o rosário. Relata também que ele mesmo, como era o único que frequentava a igreja, era motivo de escárnio na escola. “Me colocavam de joelhos defronte ao quadro de Lenin, me ameaçavam, me batiam e, repetidamente, me diziam ‘Você nunca será um sacerdote’”. E conta ainda: “Aos 11 anos, em 1986, foi-me dito que eu era ‘inimigo de meu país’, porque, na noite de Natal, fui para a igreja assistir a Santa Missa”.(1)
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2-) Segundo o texto da Encíclica de Pio XII “Orientales omnes Eclesia”, publicada em 23/12/1945, verifica-se que a perseguição contra os católicos ucranianos remonta ao século XV, quando Isidoro, então Metropolita de Kiev, no Concílio Ecumênico de Florença (1439), assinou o decreto pelo qual a Igreja greco-bizantina ucraniana abandonou o cisma e foi solenemente reunida à Igreja Latina. Mas mesmo sendo perseguida por Moscou desde essa época, a Igreja Católica Ucraniana nunca deixou de existir, ao contrário da dita “igreja ortodoxa russa”, que sob o regime comunista perdeu a sucessão apostólica, do que logo passo a tratar.

3-) Os russos, desde a sua conversão, não permaneceram nem 100 anos dentro da Igreja Católica. Há mil anos que eles vêm causando problemas para a Cristandade. Além do cisma, também caíram em heresia. No século XX, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, nas páginas do jornal católico Legionário, acompanhou atentamente os acontecimentos envolvendo a igreja cismática russa e fez uma sintética descrição histórica, como veremos a seguir.
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“Aos poucos a hierarquia cismática se foi dividindo em pequenas igrejas nacionais, todas elas dependentes do poder temporal. Entre outras igrejas cismáticas nacionais, formou-se a da Rússia. Assim, pois, não pensemos que a imensidade de Bispos e Sacerdotes de vistosa e singular indumentária, que vemos espalhada por todo o mundo eslavo, nos Balcãs, na Ásia, constitua um corpo homogêneo. Além de que muitos deles são católicos, apostólicos, romanos, em união e comunhão com a Santa Sé, os outros se fragmentaram em numerosas unidades religiosas "autocéfalas" – empreguemos o termo clássico – isto é, que se governam por sua própria cabeça. Mas, quando os homens se governam só por sua própria cabeça, desprezado o pastoreio sobrenatural e suave de Roma, de fato caem no desgoverno. O espírito humano, trincado pelo pecado original, não é mais capaz de "autocefalia". Ou o governa o Espírito Santo por meio de Roma, ou o governa o despotismo de suas paixões, ou o governam os tiranos deste mundo”.(2)
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4-) Stálin primeiro perseguiu implacavelmente a igreja cismática russa. Por ordem dele, 168.300 clérigos ortodoxos russos foram presos só durante os expurgos de 1936 a 1938, dos quais 100.000 foram mortos”.(3) Sob a perseguição comunista, a igreja cismática russa que tinha mais de 55 mil paróquias em 1914, passou a ter 500.(4)
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Nesse mesmo tempo em que Stálin liquidava a igreja cismática russa, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, nas páginas do Legionário, comentou: “Foi nessa atmosfera de suprema tensão de espírito para alguns raros cismáticos sinceramente anticomunistas, e de franca conivência dos outros com o comunismo, que se operou uma transformação imensa: Stalin cessou de certo modo a perseguição, flertou descaradamente com a igreja cismática, e, sob pretexto de a reorganizar, colocou nela suas mais devotadas criaturas. Eram um ‘ersatz’ [substitutivo] religioso. Padres de fancaria, que não tinham ordens sacras nem estudos, bispos postiços, sem caráter sacramental... nem moral, antigos agitadores, aventureiros, de permeio com alguns renegados das antigas fileiras cismáticas. É essa a composição humana da ‘igreja’ do Sr. Stalin, nas quais os aventureiros tem ainda maior influência que os renegados. Stalin ainda não se ‘converteu’ a esta ‘igreja’. Mas está como Voltaire que, certa vez, passou diante de uma igreja católica, descobriu-se, e disse a um amigo: ‘Deus e eu ainda não nos falamos, mas já nos cumprimentamos’. Stalin e os cismáticos ‘já se cumprimentam’ e daqui a pouco estarão se falando, e daqui a pouco mais estarão se abraçando”.(5)
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5-) À vista do que foi referido, a igreja cismática russa passou por tal aniquilamento que se pode duvidar até mesmo que tenha havido a continuidade da sucessão apostólica, porquanto foi criada uma hierarquia nova, instituída, nomeada e dirigida pelos comunistas. O prof. Plinio Corrêa de Oliveira, também nos deixou a descrição do processo deletério ao qual ela foi submetida por Stálin:
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“Desde o início, isto é, de 1917, as perseguições não visaram só o objetivo difícil e quase inverossímil, de extirpar a religião na Rússia. Diante do sucesso altamente improvável desse empreendimento, elas tiveram em mira também um resultado mais modesto, mais provável, e por isto mesmo, mais sólido: aterrorizar, dividir, desorganizar a Igreja greco-cismática, extenuar pela brutalidade e pela confusão o maior número de adeptos dessa Igreja, e por fim obter que eles aceitassem uma hierarquia nova, instituída, nomeada e dirigida pelos sem-Deus. Fazer da religião e de seus ministros, os agentes da irreligião, tal era o estratagema supremamente hábil que o maquiavelismo cremliniano teve em vista.” (6)
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NOTAS:
(1) http://www.lucisullest.it/il-martirio-della-chiesa-cattolic….
(2) http://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG%20440702_Catolic….
(3) Cf. Alexander N. Yakovlev, A Century of Violence in South Russia, New Haven, CT: Yale University Press, 2002, p. 165.
(4) Country Studies: Russia – The Russian Orthodox Church, U.S. Library of Congress, ˂ http://countrystudies.us/russia/38.htm˃.
(5) http://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG%20440702_Catolic….
(6) http://www.pliniocorreadeoliveira.info/FSP%2071-09-12%20Sob…


Matéria Publicada originalmente em comentário meu no site Fratres in Unum:

http://fratresinunum.com/2016/02/15/declaracao-conjunta-fala-o-patriarca-greco-catolico/

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Patriarca Kirill: agente da FSB/KGB?









Por Lucas Janusckiewicz Coletta.


O Tenente-General Ion Mihai Pacepa desertou do serviço de inteligência romeno em 1978 e buscou asilo nos Estados Unidos. Em seus numerosos artigos e livros publicados, denunciou a chamada desinformação (“dezinformatsiya”), expressão que foi criada pelos russos no tempo de Stálin para designar o método comunista de difundir mentiras no Ocidente por meio de organizações não governamentais, de intelectuais ou da mídia, com o propósito de ludibriar a opinião pública e as classes governantes, e assim favorecer a vitória do comunismo em todo o mundo.
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Sua obra “Desinformação”, recentemente publicada no Brasil, traz relevantes informações sobre o interesse do Kremlin, desde os tempos de Stálin, em manipular as religiões. Hoje estamos vendo o governo russo se servir da chamada “Igreja Ortodoxa Russa”. Com efeito, o Patriarca Kirill, atual chefe dessa Igreja, realiza neste momento viagem a Cuba, com a finalidade de se encontrar com o Papa Francisco para uma conversa de duas horas, e fazerem um pronunciamento conjunto que divulgarão em seguida.
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É oportuno que o público católico brasileiro conheça algumas informações apresentadas no livro “Desinformação”, e que não são divulgadas pelos nossos meios de comunicação. As citações que dele serão apresentadas a seguir, revelam a manipulação da Igreja Ortodoxa feita pelo governo russo. Por isso, vemos com grande apreensão e preocupação esse encontro em Cuba do Papa Francisco com o Patriarca Kirill.  


“O Arquivo Mitrokhin, uma coleção volumosa de documentos do serviço secreto de inteligência estrangeiro soviético que foram contrabandeadas para fora da União Soviética em 1992, dá as identidades e os codinomes da inteligência soviética de muitos padres ortodoxos russos despachados, ao longo dos anos, para o Conselho Mundial de Igrejas com o objetivo específico de influenciar a política e as decisões desse órgão. De fato, em 1972 a inteligência soviética conseguiu ter o Metropolita Nikodim (agente “Adamant”) eleito presidente do WCC. Um documento da KGB de 1989 se vangloria: “Mais recentemente, o Metropolita Kirill (agente “Mikhaylov”), o qual fora um representante influente no Conselho Mundial de Igreja desde 1971 e, após 1975, um membro do Comitê Central do WCC, foi em 2009 eleito patriarca da Igreja Ortodoxa Russa” (“Desinformação”, Ion Mihai Pacepa. Vide Editorial, 2015, p. 31).

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“No dia 11 de abril de 1945, os bispos católicos ucranianos foram presos, incluindo o Arcebispo Josyf Slipyj. De 1920 a 1922, Slipyj estudou no Pontifício Instituto Oriental, em Roma, e na Pontifícia Universidade Gregoriana. Em 1939, com a benção do Papa Pio XII, Slipyj foi sagrado arcebispo de Lviv. Tornou-se o líder da IOGU [Igreja Greco-Católica Ucraniana] em 1944. Então, junto com os outros bispos, foi acusado de colaborar com os nazistas e condenado a trabalho forçado no gulag siberiano."

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“Em resposta, Pio XII lançou sua encíclica Orientales Omnes, de 23 de dezembro de 1945. Nela, o Papa não apenas condenava o comunismo; ele aberta e especialmente atacava o Patriarca Alexis, de Moscou. A situação ficou pior de 8 a 10 de março de 1946, quando as autoridades soviéticas reuniram à força uma assembleia de 216 padres, e fez-se então o assim chamado Sínodo de Lviv, no qual a Igreja Ortodoxa Grega da Ucrânia foi “reincorporada” à força à Igreja Ortodoxa Russa e obrigada a revogar a sua união com Roma. A IOGU [Igreja Greco-Católica Ucraniana] primeiro se tornou uma “Igreja do Silêncio”, depois uma “Igreja de Mártires”, já que muitos dos católicos ucranianos confinados pelos comunistas eram torturados e/ou assassinados.” (op. cit. p. 131).


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“Ainda não foi encontrada nenhuma pista concreta da mão da KGB nesta nova guerra secreta contra o mundo cristão, porque os arquivos da KGB, infelizmente, ainda estão fechados. Mas inclinar o Vaticano para que eleja papas anti-americanos simpáticos ao Kremlin (...) há muito é o sonho de Moscou.” (op. cit. p. 264).

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“No dia 5 de dezembro de 2008, morreu Aleksi II, o 15º. patriarca de Moscou e de toda a Rússia e primaz da Igreja Ortodoxa Russa. Ele tinha trabalhado para a KGB sob o codinome de “Drozdov” e tinha o Certificado de Honra, da KGB, como foi revelado por arquivos da agência de segurança deixados para trás na Estônia quando os russos foram postos fora de lá. Pela primeira vez na história, a Rússia tinha a oportunidade de conduzir a eleição democrática de um novo patriarca, mas isso não seria assim.

“Em 27 de Janeiro de 2009, os 700 delegados do Sínodo reunidos em Moscou receberam uma lista de três candidatos: o Metropolita Kirill, de Smolensk (membro secreto da KGB cognominado “Mikhylov”); o Metropolita Filaret, de Minsk (que tinha trabalhado para a KGB com o codinome de “Ostrovsky”); e o Metropolita Kliment, de Kaluga (na KGB com o codinome “Topaz”).

Quando os sinos da Catedral de Cristo Salvador dobraram para anunciar que um novo patriarca tinha sido eleito, Kirill/”Mikhaylov” veio a ser vencedor. Indiferentemente de se era o melhor líder para a sua igreja, ele certamente estava em melhor posição para influenciar o mundo religioso no exterior do que os outros candidatos. Em 1971, a KGB mandara Kirill para Genebra como representante da Igreja Ortodoxa Russa naquela máquina de propaganda soviética, o Conselho Mundial de Igrejas (WCC). Em 1975, a KGB o infiltrou no Comitê Central do WCC, que se tornou um peão do Kremlin. Em 1989 a KGB também o designou diretor de relações internacionais do patriarcado russo. Ele ainda detinha estes dois cargos quando foi eleito patriarca.

“Em seu discurso de aceite, como novo patriarca, “Mikhaylov” anunciou que planejava fazer uma viagem ao Vaticano em futuro próximo. Também falou sobre sua intenção de estabelecer canais de televisão religiosos na Rússia que também transmitiriam para o exterior.

“Na Rússia, quanto mais as coisas mudam, mais parecem ficar as mesmas. A ciência da desinformação se mostrou uma arma tão encantadora, que os russos permanecem viciados nela. [...]” (op. cit. pp. 366-367).

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“Documentos há pouco liberados da KGB mostram que metade de todo o clero soviético eram agentes ou empregados disfarçados da KGB até pelo menos o fim da era Gorbachev.” (op. cit. pp. 468, nota no. 5).





segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Rússia abre museu em homenagem ao ditador comunista Josef Stalin e homenageia "legado" do antigo líder soviético

Um busto de Josef Stálin está no gramado diante de uma casa convertida em museu nesta pequena vila onde, segundo consta, o líder soviético teria passado a noite em sua única visita ao front durante a Segunda Guerra Mundial. Dentro da casa, a diretora do museu, uma mulher robusta armada de um ponteiro (haste de madeira usada por professores), conduz um grupinho de estudantes pré-adolescentes pela casa de dois cômodos. No local, em agosto de 1943, Stálin discutiu estratégia militar com seus generais enquanto o Exército Vermelho lutava para expulsar as tropas nazistas do país.

Em um momento em que a Rússia está isolada no palco mundial e enfrenta problemas econômicos crescentes, está cada vez mais em voga fazer um relato resumido de seus triunfos passados. O presidente Vladimir Putin frequentemente cita a vitória soviética na Segunda Guerra Mundial –a conquista mais alardeada de Stálin– quando promete resistir ao Ocidente e defender os interesses do país.

"Evidentemente, começamos a enxergar Stálin sob uma ótica mais favorável", disse Sergei Zaborovsky, operador de tours a serviço da Sociedade de História Militar. "Por que neste momento? Talvez porque nossa situação no mundo não esteja ótima agora. Precisamos de força. Precisamos de alguma coisa que nos una." Após a queda da União Soviética, em 1991, o legado de Stálin foi mantido vivo pelo Partido Comunista, cujos membros levavam seu retrato a comícios políticos, defendiam suas políticas de modernização e nunca deixavam de comemorar seu aniversário, em 21 de dezembro.

Stálin teria nascido na realidade no dia 18 de dezembro, mas, mesmo assim, os comunistas esperariam até esta segunda-feira para depositar flores sobre seu túmulo, na praça Vermelha, em Moscou. Depois de sua morte, em 1953, o corpo de Stálin foi colocado no Mausoléu de Lênin, mas, em 1961, depois de seu sucessor ter denunciado o culto à personalidade de Stálin, o corpo foi transferido para o cemitério atrás do mausoléu. Os comunistas idosos continuam a sair em fotos, mas são em grande medida ignorados; apesar disso, a versão melhorada que apresentam de Stálin está cada vez mais saindo das margens para o discurso cultural dominante.

A parcela dos russos que dizem ter uma visão negativa de Stálin não para de cair, passando de 43% em 2001 para 20% hoje. E uma maioria crescente afirma não ter condições de avaliar corretamente o período que Stálin esteve no poder. Museus e bustos em homenagem a ele estão surgindo por toda parte do país, especialmente neste ano, quando os russos comemoram o 70º aniversário de sua vitória no que chamam de "A Grande Guerra Patriótica". O museu em Khoroshevo, a três horas de carro de Moscou, é um dos que foram abertos neste ano na região de Tver pela Sociedade de História Militar, que está sob a direção do ministro da Cultura.

Faz parte do tour o "Caminho para a Vitória", que também inclui monumentos de guerra e uma construção destruída pelo fogo durante a guerra. O museu enfoca os triunfos militares e econômicos de Stálin, sem mencionar qualquer de suas falhas militares, qualquer outro aspecto negativo da guerra ou as três décadas de Stálin no poder. A diretora do museu de Khoroshevo, Lydia Kozlova, responde bruscamente à sugestão de que o local daria uma visão unilateral aos visitantes. Ela é igualmente brusca quando comenta as interpretações históricas "ocidentais", segundo as quais Stálin foi um ditador. "Este não é o Museu de Stálin", ela reitera várias vezes.

"Stálin não foi um anjo, longe disso, mas cuidou da segurança dos cidadãos", disse Kozlova, cercada de cartazes com a foto do líder e de artigos elogiosos sobre suas façanhas militares. "A finalidade deste museu é guardar a nossa história, proteger os fatos." "Representar Stálin como um grande líder que fez cálculos maquiavélicos é, na melhor das hipóteses, preocupante", considera a organização russa de defesa dos direitos humanos Memorial.

A entidade reuniu documentos históricos sobre a repressão política movida por Stálin e trabalha para perpetuar a memória de suas vítimas. Estudiosos estimam que mais de 1 milhão de pessoas tenham sido executadas nos expurgos políticos movidos pelo governo de Stálin. Outros milhões de pessoas morreram devido aos maus-tratos e trabalhos forçados do imenso sistema de campos de prisioneiros –o chamado gulag–, à fome em massa na Ucrânia e no sul da Rússia e às deportações de minorias étnicas.

A Memorial pede que as imagens de Stálin sejam retiradas dos espaços públicos. "É claro que não gostamos do fato de este museu ter sido aberto", disse a historiadora Yelena Zhemkova, da organização. O Kremlin vem evitando condenar ou sancionar Stálin de modo categórico, mas crescem os esforços para submeter a narrativa histórica ao controle do governo e amordaçar pessoas, museus e organizações não governamentais que não interpretam a história "corretamente". Neste ano, a Memorial foi declarada "agente do exterior" –uma qualificação que gera um estigma e dificulta o trabalho do grupo.

No início do ano, o respeitado museu do gulag Perm-36 também foi classificado como agente do exterior e foi forçado a fechar suas portas, sob pressão de autoridades culturais que afirmaram que ele não mostrava corretamente a fértil vida cultural que teria existido nos campos de trabalho. Um novo museu foi aberto posteriormente com o mesmo nome, Perm-36, contendo amostras descritas como sendo mais "historicamente precisas". Na véspera de 30 de outubro, dia da memória das vítimas de repressões políticas, um grande museu estatal do gulag foi inaugurado no centro de Moscou.

A organização Memorial enxerga isso como um sinal positivo, mas Zhemkova pede prudência, observando que o museu pertence ao governo. Os objetos expostos no novo museu evitam promover uma crítica do sistema soviético, mas oferecem um retrato preciso do sistema do gulag. Lev Gudkov, diretor do Centro Levada, organização independente que fez uma pesquisa ampla sobre a percepção pública de Stálin, diz que é pouco provável que uma campanha ampla de "desestalinização" seja promovida no futuro próximo. Reconhecer que o sistema soviético como um todo foi criminoso levaria a "um colapso completo de identidade" de muitos russos, disse ele.

"Eles não negam o que Stálin fez, mas preferem enxergá-lo como soberano majestoso, não como líder controverso." Leonid Kavtza, professor de história no Ginásio 1543, em Moscou, diz que os russos ainda nutrem ideias de grandeza imperial. "Eles têm nostalgia de algo grandioso que nunca poderá ser recriado. Mesmo quando eu era criança, sob o governo de Leonid Brezhnev, me lembro de ouvir as pessoas dizendo 'ah, se Stálin estivesse aqui!'. Se a loja colocava verduras estragadas à venda, diziam 'ah, se Stálin estivesse aqui!'. Se havia uma fila na clínica, 'ah, se Stálin estivesse aqui'. Mas nunca houve essa pessoa. Estavam pensando em um Stálin mítico."

E, até agora, o currículo federal de história não tem feito nada para contrariar essas ideias sem fundamento sobre a grandeza de Stálin. Diante da abordagem cautelosa do Kremlin em relação a Stálin e da exaltação da Segunda Guerra Mundial, mais e mais pessoas estão preenchendo o silêncio com elogios comedidos. "É importante não esquecermos aqueles que ajudaram a criar o ambiente pacífico em que vivemos hoje", disse Irina Mikhailova, professora em uma escola de Khoroshevo. "O museu de Stálin é muito importante para nós. Temos orgulho de tê-lo na cidade."

- Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/12/1721009-russia-inaugura-museus-sobre-stalin-e-lida-com-o-legado-do-lider-sovietico.shtml
A entidade reuniu documentos históricos sobre a repressão política movida por Stálin e trabalha para perpetuar a memória de suas vítimas. Estudiosos estimam que mais de 1 milhão de pessoas tenham sido executadas nos expurgos políticos movidos pelo governo de Stálin. Outros milhões de pessoas morreram devido aos maus-tratos e trabalhos forçados do imenso sistema de campos de prisioneiros –o chamado gulag–, à fome em massa na Ucrânia e no sul da Rússia e às deportações de minorias étnicas.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A Metamorfose do Comunismo.





O processo revolucionário é o desenvolvimento, por etapas, de certas tendências desregradas do homem ocidental e cristão, e dos erros delas nascidos. Em cada etapa, essas tendências e erros têm um aspecto próprio. A Revolução vai, pois, se metamorfoseando ao longo da História.

Essas metamorfoses que se observam nas grandes linhas gerais da Revolução, se repetem, em ponto menor, no interior de cada grande episódio dela.

Assim, o espírito da Revolução Francesa, em sua primeira fase, usou máscara e linguagem aristocrática e até eclesiástica. Freqüentou a corte e sentou-se à mesa do Conselho do Rei. Depois, tornou-se burguês e trabalhou pela extinção incruenta da monarquia e da nobreza, e por uma velada e pacífica supressão da Igreja Católica. Logo que pôde, fez-se jacobino, e se embriagou de sangue no Terror.

Mas os excessos praticados pela facção jacobina despertaram reações. Ele voltou atrás, percorrendo as mesmas etapas. De jacobino transformou-se em burguês no Diretório, com Napoleão estendeu a mão à Igreja e abriu as portas à nobreza exilada, e, por fim, aplaudiu a volta dos Bourbons. Terminada a Revolução Francesa, não termina com isto o processo revolucionário. Ei-lo que torna a explodir com a queda de Carlos X e a ascensão de Luís Felipe, e assim por sucessivas metamorfoses, aproveitando seus sucessos e mesmo seus insucessos, chegou ele até o paroxismo de nossos dias.

A Revolução usa, pois, suas metamorfoses não só para avançar, como também para operar os recuos táticos que tão freqüentemente lhe têm sido necessários. Por vezes, movimento sempre vivo, ela tem simulado estar morta. E é esta uma de suas metamorfoses mais interessantes. Na aparência, a situação de um determinado país se apresenta como inteiramente tranqüila. A reação contra-revolucionária se distende e adormece. Mas, nas profundidades da vida religiosa, cultural, social, ou econômica, a fermentação revolucionária vai sempre ganhando terreno. E, ao cabo desse aparente interstício, explode uma convulsão inesperada, freqüentemente maior que as anteriores.”

(...)

“Perestroika” e “glasnost”: desmantelamento da III Revolução (Comunismo), ou metamorfose do comunismo?

No ocaso do ano de 1989, aos supremos dirigentes do comunismo internacional, pareceu afinal chegado o momento de lançar uma imensa cartada política, a maior da história do comunismo. Esta consistiria em derrubar a cortina de ferro e o Muro de Berlim, o que, produzindo seus efeitos de forma simultânea à execução dos programas “liberalizantes” da glasnost (1985) e da perestroika (1986), precipitaria o aparente desmantelamento da III Revolução no mundo soviético.

Por sua vez, tal desmantelamento atrairia para seu supremo promotor e executor, Mikhail Gorbachev, a simpatia enfática e a confiança sem reservas das potências econômicas estatais e de muitos dos poderes econômicos privados do Primeiro Mundo.

A partir disto, o Kremlin poderia esperar um fluxo assombroso de recursos financeiros a favor de suas vazias arcas. Essas esperanças foram muito amplamente confirmadas pelos fatos, proporcionando a Gorbachev e à sua equipe a possibilidade de continuar flutuando, com o timão na mão, sobre o mar de miséria, de indolência e de inação, em face do qual a infeliz população russa, sujeita até há pouco ao capitalismo de Estado integral, vai se havendo, até o momento, com uma passividade desconcertante. Passividade esta propícia à generalização do marasmo, do caos, e quiçá à formação de uma crise conflitual interna suscetível, por sua vez, de degenerar em uma guerra civil... ou mundial.

(...)

Da perestroika, sim, da qual não é possível duvidar que seja um requinte do comunismo, pois o confessa seu próprio autor no ensaio propagandístico “Perestroika – Novas idéias para o meu país e o mundo” (Ed. Best Seller, São Paulo, 1987, p. 35): “A finalidade desta reforma é garantir .... a transição de um sistema de direção excessivamente centralizado e dependente de ordens superiores para um sistema democrático baseado na combinação de centralismo democrático e autogestão”. Autogestão esta que, de mais a mais, era “o objetivo supremo do Estado soviético”, segundo estabelecia a própria Constituição da ex-URSS em seu Preâmbulo.

O ódio e a violência, metamorfoseados, geram a guerra psicológica
revolucionária total.

Para melhor apreendermos o alcance dessas imensas transformações ocorridas no quadro da III Revolução, será necessário analisarmos em seu conjunto a grande esperança atual do comunismo, que é a guerra revolucionária psicológica.

Embora nascido necessariamente do ódio, e voltado por sua própria lógica interna para o uso da violência exercida por meio de guerras, revoluções e atentados, o comunismo internacional se viu compelido por grandes modificações em profundidade da opinião pública, a dissimular seu rancor, bem como a fingir ter desistido das guerras e das revoluções. Já o dissemos.

Ora, se tais desistências fossem sinceras, de tal maneira ele se desmentiria a si próprio, que se autodemoliria. Longe disto, usa ele o sorriso tão-somente como arma de agressão e de guerra, e não extingue a violência, mas a transfere do campo de operação do físico e palpável, para o das atuações psicológicas impalpáveis. Seu objetivo: alcançar, no interior das almas, por etapas e invisivelmente, a vitória que certas circunstâncias lhe estavam impedindo de conquistar de modo drástico e visível, segundo os métodos clássicos.

Bem entendido, não se trata aqui de efetuar, no campo do espírito, algumas operações esparsas e esporádicas. Trata-se, pelo contrário, de uma verdadeira guerra de conquista -
psicológica, sim, mas total - visando o homem todo, e todos os homens em todos os países.


Guerra psicológica revolucionária: “revolução cultural” e Revolução nas tendências.


Como uma modalidade de guerra psicológica revolucionária, a partir da rebelião estudantil da Sorbonne, em maio de 1968, numerosos autores socialistas e marxistas em geral passaram a reconhecer a necessidade de uma forma de revolução prévia às transformações políticas e sócioeconômicas, que operasse na vida cotidiana, nos costumes, nas mentalidades, nos modos de ser, de sentir e de viver. É a chamada “revolução cultural”.

Consideram eles que esta revolução, preponderantemente psicológica e tendencial, é uma etapa indispensável para se chegar à mudança de mentalidade que tornaria possível a implantação da utopia igualitária, pois, sem tal preparação, a transformação revolucionária e as consequentes “mudanças de estrutura” tornar-se-iam efêmeras.

(...)

Insistimos neste conceito de guerra revolucionária psicológica total.

Com efeito, a guerra psicológica visa a psique toda do homem, isto é, “trabalha-o” nas várias potências de sua alma, e em todas as fibras de sua mentalidade.

Ela visa todos os homens, isto é, tanto partidários ou simpatizantes da III Revolução, quanto neutros ou até adversários.

Ela lança mão de todos os meios, a cada passo é-lhe necessário dispor de um fator específico para levar insensivelmente cada grupo social e até cada homem a se aproximar do comunismo, por pouco que seja. E isto em qualquer terreno: nas convicções religiosas, políticas, sociais e econômicas, nas impostações culturais, nas preferências artísticas, nos modos de ser e de agir em família, na profissão, na sociedade.

A.   As duas grandes metas da guerra psicológica revolucionária

Dadas as atuais dificuldades do recrutamento ideológico da III Revolução, o mais útil de suas atividades se exerce, não sobre os amigos e simpatizantes, mas sobre os neutros e os adversários:

a) iludir e adormecer paulatinamente os neutros;

b) dividir a cada passo, desarticular, isolar, aterrorizar, difamar, perseguir e bloquear os
adversários;

- essas são, a nosso ver, as duas grandes metas da guerra psicológica revolucionária.


Desta maneira, a III Revolução torna-se capaz de vencer, porém mais pelo aniquilamento do adversário do que pela multiplicação dos amigos.

Obviamente, para conduzir esta guerra, mobiliza o comunismo todos os meios de ação com que conta, nos países ocidentais, graças ao apogeu em que nestes se acha a ofensiva da III Revolução.


B.   A guerra psicológica revolucionária total, uma resultante do apogeu da III Revolução e dos embaraços por que esta passa.

A guerra psicológica revolucionária total é, portanto, uma resultante da composição dos dois fatores contraditórios que já mencionamos: o auge de influência do comunismo sobre quase todos os pontos-chaves da grande máquina que é a sociedade ocidental, e de outro lado o declínio da capacidade de persuasão e de liderança dele sobre as camadas profundas da opinião pública do Ocidente.


A ofensiva psicológica da III Revolução, na Igreja.

Não seria possível descrever esta guerra psicológica sem tratar acuradamente do seu desenrolar naquilo que é a própria alma do Ocidente, ou seja, o cristianismo, e mais precisamente a Religião Católica, que é o cristianismo em sua plenitude absoluta e em sua autenticidade única.

O Concílio Vaticano II

Dentro da perspectiva de Revolução e Contra-Revolução, o êxito dos êxitos alcançado pelo comunismo pós-staliniano sorridente foi o silêncio enigmático, desconcertante, espantoso e apocalipticamente trágico do Concílio Vaticano II a respeito do comunismo.

(...)

É penoso dizê-lo. Mas a evidência dos fatos aponta, neste sentido, o Concílio Vaticano II como uma das maiores calamidades, se não a maior, da História da Igreja. A partir dele penetrou na Igreja, em proporções impensáveis, a “fumaça de Satanás”, que se vai dilatando dia a dia mais, com a terrível força de expansão dos gases. Para escândalo de incontáveis almas, o Corpo Místico de Cristo entrou no sinistro processo da como que autodemolição.

Daí resultou para a Igreja e para o que ainda resta de civilização cristã, uma imensa derrocada. A Ostpolitik vaticana, por exemplo, e a infiltração gigantesca do comunismo nos meios católicos, são efeitos de todas estas calamidades. E constituem outros tantos êxitos da ofensiva psicológica da III Revolução contra a Igreja.

(...)


E o comunismo? O que é feito dele? A forte impressão de que ele morrera apoderou-se da maior parte da opinião pública do Ocidente, deslumbrada ante a perspectiva de uma paz universal de duração indeterminada. Ou quiçá de uma duração perene, com o conseqüente desaparecimento do terrível fantasma da hecatombe nuclear mundial.

Esta “lua de mel” do Ocidente com seu suposto paraíso de desanuviamento e de paz, vem refulgindo gradualmente menos.

Com efeito, referimo-nos pouco atrás às agressões de toda ordem que relampagueiam nos territórios da finada URSS. Cabe-nos, pois, perguntar se o comunismo morreu. De início, as vozes que punham em dúvida a autenticidade da morte do comunismo foram raras, isoladas e escassas em fundamentação.

Aos poucos, de cá e de lá, sombras foram aparecendo no horizonte. Em nações da Europa Central e dos Bálcãs, como do próprio território da ex-URSS, foi-se notando que os novos detentores do Poder eram figuras de destaque do próprio Partido Comunista local. Exceto na Alemanha Oriental, a caminhada para a privatização na maioria das vezes se vem fazendo muito mais na aparência do que na realidade, isto é, a passos de cágado, lentos e sem rumo inteiramente definido.

Ou seja, pode-se dizer que nesses países o comunismo morreu? Ou que ele entrou simplesmente num complicado processo de metamorfose? Dúvidas a este respeito se vêm avolumando, enquanto os últimos ecos da alegria universal pela suposta queda do comunismo se vêm apagando discretamente.

Quanto aos partidos comunistas das nações do Ocidente, murcharam de modo óbvio, ao
estampido das primeiras derrocadas na URSS. Mas já hoje vários deles começam a se reorganizar com rótulos novos. Esta mudança de rótulo é uma ressurreição? Uma metamorfose? Inclino-me de preferência por esta última hipótese.

Esta atualização do quadro geral em função do qual o mundo vai tomando posição, pareceu me indispensável como tentativa de pôr um pouco de clareza e de ordem num horizonte em cujos quadrantes o que cresce principalmente é o caos. Qual é o rumo espontâneo do caos senão uma indecifrável acentuação de si próprio?


Excertos do Livro Revolução e Contra-Revolução do Prof. Plínio Correa de Oliveira.

Cópia da edição abaixo:
Revolução e Contra-Revolução
4ª edição em português

Artpress – São Paulo – 1998

domingo, 13 de dezembro de 2015

Putin se divorcia oficialmente de sua mulher.








O presidente russo, Vladimir Putin, se divorciou formalmente da mulher, Lyudmila, depois de mais de 30 anos de casamento, informou o porta-voz do Kremlin. O casal anunciou a separação, surpreendentemente, no ano passado. "O divórcio se concretizou", afirmou Dmitry Peskov, sem dar mais detalhes.


Putin e sua mulher anunciaram o fim do casamento em junho em uma transmissão ao vivo da televisão estatal russa, confirmando especulações de longa data de que estavam separados. Na época, o Kremlin deixou claro que o rompimento ainda teria de ser formalizado.


O presidente, de 61 anos, ex-espião da KGB, mantém discrição sobre sua vida pessoal e pouco se sabe sobre sua mulher e duas filhas, ambas na casa dos 20 anos.


Em 2008, Putin disse que não era verdade a informação de um jornal de que ele se preparava para se casar com a atleta olímpica Alina Kabayeva, da ginástica rítmica, nascida em 1983, o mesmo ano em que ele se casou com Lyudmila.


Putin disse a jornalistas que mantivessem seus "narizes impertinentes" fora de sua vida privada e o jornal, o Moskovsky Korrespondent, fechou logo depois.








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Putin elogia o Islã ao inaugurar Grande Mesquita de Moscou.








Templo tem 19 mil metros quadrados e capacidade para 10 mil pessoas. Premiê elogiou virtudes humanistas da religião islâmica.

O presidente russo, Vladimir Putin, destacou nesta quarta-feira as virtudes humanistas do Islã durante a inauguração da Grande Mesquita de Moscou, uma das maiores da Europa, na presença de seus colegas palestino e turco, Mahmud Abbas e Recep Tayyip Erdogan.

"É um grande acontecimento para os muçulmanos da Rússia. Uma das mesquitas mais antigas de Moscou foi reconstruída em seu contexto histórico", declarou o presidente russo em seu discurso inaugural.

"A Rússia é um país multiconfessional no qual, insisto, o Islã é uma das religiões tradicionais", prosseguiu Putin.

"Esta mesquita será uma fonte para propagar as ideias humanistas e os verdadeiros valores do Islã", acrescentou, depois de denunciar o grupo Estado Islâmico (EI) que, segundo ele, "tergiversa o Islã".

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